Eles mandavam no juiz

Por Sidval OliveiraOAB/SP 168.872
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Uma das minhas primeiras audiências como estudante de direito.

Antigamente o Fórum de Campinas era ali no centro, no Palácio da Justiça, na Rua José Paulino e Campo Sales, aquele prédio com uma bela arquitetura que vale uma visita virtual em tempos de pandemia.

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O prédio era pequeno e não comportava os cartórios judiciais, a estrutura ficava nos corredores onde você era atendido e ali anotava na ficha do processo os respectivos andamentos.

Estagiários de Direito

De longe era possível reconhecer os estagiários com a vestimenta padrão social e a pasta de fichas processuais para anotação manual dos atendimentos.

Embora já percorrendo os longos corredores para acompanhamento dos processos, que eram muitos do escritório que fazia estágio, ainda não tinha participado de audiências.

Fui convidado pelo advogado titular do escritório para participar de uma audiência em um processo de indenização material e prontamente aceitei.

O caso envolvia uma questão de danos causados ao prédio vizinho em razão da construção do cliente do escritório.

A questão de fundo era bem simples: uma família tradicional contra um empresário forasteiro.

Entre as duas concepções de mundo, o juiz da vara.

Audiência

O meirinho apregoou as partes e todos estavam presentes, os autores acompanhados de seu advogado e vários auxiliares, era também parente e famoso advogado de Campinas.

O Réu acompanhado de um advogado e seu estagiário.

Realmente nosso cliente causou prejuízo aos autores. A construção do prédio não foi diligente com os vizinhos e trouxe prejuízos para eles.

Cabia a nossa defesa minorar os prejuízos e para isso era necessário que o juiz soubesse que estavam usando seu nome, ainda como dito, não fosse julgar improcedente o processo.

Estava sentado na lateral assistindo à audiência quando iniciou o depoimento pessoal do nosso cliente.

O juiz fez várias perguntas, não me recordo em razão do tempo que passou e estava pensando na aula a noite.

E de repente após uma pergunta do Juiz, o Réu disparou:

“Elas (autores) falaram que mandava no Juiz e por isso eu iria perder processo.”

Então o Juiz bateu de imediato a mão na mesa e gritou:

“Ninguém manda em mim!”.

Acordei na hora e notei que arrogância no rosto dos autores, aquelas das famílias tradicionais de Campinas, desapareceu.

Nunca mais devem ter falado que mandavam nos juízes de Campinas.

Acredito que ele nem lembre desta história, juiz na época, agora é Desembargador.

Eu não esqueço.

Especialista em Direito Imobiliário. Foi vice-presidente da Comissão de Direito de Família e membro da Comissão do Consumidor da OAB/Campinas e membro da ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CONTRIBUINTES – ABCONT.

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