Banco deverá indenizar cliente por discriminação racial

Sem justificativa, autor foi impedido de entrar em agência.

O juiz Marco Aurélio Stradiotto de Moraes Ribeiro Sampaio, da 3ª Vara Cível de Jundiaí, condenou banco a indenizar, por danos morais, homem negro que foi impedido de entrar numa das agências da instituição. O valor da reparação foi fixado em R$ 52.250, o correspondente a 50 salários mínimos.

O autor da ação, que é negro, narra que foi impedido de entrar na agência sem nenhuma justificativa plausível, mesmo após se identificar como correntista e depositar seus pertences no local apropriado. 

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Enquanto tentava resolver o problema junto aos funcionários do banco, pessoas brancas ingressavam na agência sem que quaisquer questionamentos lhes fossem feitos, inclusive pessoas portanto objetos metálicos – proibidos no interior do estabelecimento.

A entrada dele só foi permitida após revista pessoal, o que não ocorreu com nenhuma outra pessoa. O banco não impugnou as alegações do cliente.

 

“É necessário que nesta sentença, para além da indenização em face de técnica processual, reconheça-se o ato de que vítima o autor, discriminação racial a lhe gerar danos civis que se querem aqui desfeitos. E isso porque não pode a sociedade, no estágio atual, continuar a tratar como situação normal a negada questão racial, o tratamento diverso por questão de cor de pele, de modo absolutamente imoral e inconstitucional”, afirmou o juiz em sua decisão.

 

E continuou:

 

“As acusações são graves e, por óbvio, ultrapassam o mero dissabor cotidiano. Nenhum outro usuário, mesmo desrespeitando as normas de segurança, fora submetido à situação vexatória pela qual passara o autor, a silenciosa e condescendente situação do racismo estrutural que, enquanto sociedade, reproduzimos e repetimos, infelizmente, que não o fazemos”.

O magistrado destacou que procedimentos de segurança são intrínsecos à atividade bancária, mas que a instituição financeira não pode, sob o pretexto de se manter a segurança no interior do estabelecimento, expor o usuário a procedimentos constrangedores. Cabe recurso da decisão.

Processo nº 1017393-03.2019.8.26.0309

Fonte: TJSP

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Advogado – OAB/SP 168.872. Especialista em Direito Imobiliário. Foi vice-presidente da Comissão de Direito de Família da OAB/Campinas e membro da ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CONTRIBUINTES – ABCONT.

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